terça-feira, 28 de março de 2017

As Estrangeiras - Capitulo 4 - Gabrielle a francesa



Capitulo 4 ´- Gabrielle, a francesa

Gabrielle era francesa mas não nasceu nem morava em Paris. Tampouco morava em, Lyon, Marseille, Nice ou qualquer cidade grande e/ou famosa da França. Morava numa dessas cidadezinhas, quase uma aldeia, num ponto qualquer do pais, daqueles lugarezinhos que vira e mexe aparecem nos filmes mas quase nunca aparecem no mapa.

Ela não era it girl, não acompanhava nem ditava tendencias de moda, cabelo maquiagem, vestia qualquer coisa. O que ela queria mesmo era ser bailarina. Epa, voce viu um filme parecido, recentemente? Mas não foi a mesma coisa não. Ela queria ser bailarina do Faustão, dançar no Dança dos Famosos e ganhar o premio em dinheiro no final do programa. Lá era atrasado mas pegava a Globo internacional.

Ai, Gabrielle comprou um laptop, se plugou na internet (a França é um pais adiantado e lá a internet deve ser melhor do que a daqui mesmo se for nos cafundós de Judás). Bom, plugada na internet, ela entrou... Não, não foi num site de viagens para comprar a passagem, não, foi no You Tube para decorar as coreografias do fit dance (deixa eu fazer propaganda de uma coisa que eu gosto, o Fit Dance, depois voces criticam, viu, leitores).

Aprendeu tudinho e ainda cantava as músicas para aprender as letras

- o murriçoca soca soca soca...

Gabrielle ficou craque nas danças brasileiras e resolveu fazer umas apresentações para arrecadar verba pra viagem. Não tinha teatro, ela resolveu se apresentar na igreja.

- Um pouca verrgonha esses danças brrasileirras Gabrielle. Non poder permitir
- Mas seu padrre, eu jurrar que só dançar musicas bonitinhas, as de Ivete, do Psirrico...

Não teve jeito. Mas, ai, chegou na cidade quem? Não não foi o surfista sirio que acabou casando com a cubana Estelita e morando na Argentina. Também não foi o refugiado que trabalhava na farmácia da noruega e que estava aprendendo noruegues com Margit. Ela encontrou um desses caçadores de talentos que prometeu ajudar Gabrielle. Marcou a apresentação para a pracinha usando uma carroça velha desatrelada como palco, Cobrou apenas 1,99 euro do ingresso e marcou a apresentação.

Foi ai que Gabrielle se estrepou. Quando ela chegou na pracinha cade a carroça? Cade o som? Cade o empresário fajuto? Encontrou foi o público p... da vida porque alem dos 1,99 euro do ingresso o malandro ainda andou furtando objetos de valor de todas as familias locais, inclusive o lap top de Gabrielle que foi considerada culpada e saiu correndo da cidade. Correu tanto que quando deu por si estava pra lá da Suiça.




quinta-feira, 23 de março de 2017

As Estrangeiras - episodio 3 - Estelita, a cubana


Estelita - a Cubana
fist

Era uma vez uma cubana chamada Estelita que morava em Havana, dançava salsa e sonhava em se mandar pra Miami onde viveria não só o sonho americano como a liberdade que ela nunca teve.

- Caramba, como se não bastasse papai, ainda tem o governo vigiando todo mundo.

Um dia, caminhando poir aqui e por ali ela encontrou quem? Advinhe? O surfista sirio que embarcou escondido num navio que naufragou no Caribe e conseguiu nadar até Cuba onde resolveu colocar uma lojinha de 1,99.

Não deu certo, claro, pois com o embargo a Cuba lá não se importava nem,exportava nada com excessão de médicos que os cubanos mandavam pro Brasil e nunca conseguiam desertar. Estelita sonhava com Miami e o sirio sonhava em conseguir um meio de vida pois até em Cuba é preciso dinheiro pra comprar comida.
re
Ai, o Sirio encontrou um pneu velho retirou a camara de ar e disse a Estelita:

- aqui está seu passaporte para a América, um mini transatlântico exclusivo
- Mas seu Abdul isso é uma boia de pneu
- Eu sabe. Mas voce pode montar nela e ir remando até Miami
- Solita? Nem muerta. O senhore vai comigo
- nao vou
- vai
- não vou

Bateram par ou impar. Estelita ganhou. O sirio era malandro, mas Estelita sabia contar em espanhol e o sirio não. Marcaram a viagem pro dia seguinte. Tomaram o buzu até a praia mais próxima e ai descobriram: era domingo e estava lotado de gente.

- Mejor assim, Senhor Abdul, chama menos atenção
- mas voce está levando mala, cachorrinha, frasqueira. aliás quero ver caber tudo isso na boia.

não cabia. levou só a mala e a cachorrinha, subiram na boia, remaram, remaram, remaram, pararam pra descansar, comeram os quibes que Abdul levou pro lanche, e remaram remaram remaram até que foram parar numa praia.

- Por Fudel, que praia é essa seu abdul?
- sei lá, temos que esperar chegar de noite pra eu consultar as estrelas pelo astrolábio

(como coube tanta coisa numa boia de pneu que aliás não tem fundo, Deus é que sabe. Mas como ficção é ficção vai lá que seja).

Chegou de noite, consultaram as estrelas. Eles erraram a direção, pegaram a corrente marinha errada e foram parar no Haiti. Bom, pelo menos la eles puderam trabalhar como voluntários da ONU, ganhar um dindin básico e se mandar pra Argentina onde foram felizes para sempre criando carneiros na Patagonia.





segunda-feira, 13 de março de 2017

As Estrangeiras - Magrit, a norueguesa



Capitulo 2 - Magrit a norueguesa


Magrit acordou reclamando:
- Eu não guerrer mais zerr loura. Aqui em Norruega maiorria dos pessoas zerrem louras de olho azul. Eu guerrer ,mudar a cor da cabela.
Sua mãe argumentou:farm- se pintar de vermelho os irlandeses vão dizer que é apropriação cultural.
-Buaaaaaaaaaaaaaa, buaaaaaaaaaaaaaaa
Magrit chorou tanto, mas tanto, que acordou o prédio inteiro (sim, a noruega é um pais adiantado e lá tem predio com elevador). O povo reclamou e ela precisou parar de chorar.
Resolveu então pintar o cabelo de preto. Quando deu o recreio da escola (sim, ela era adolescente e estava fazendo algo semelhante ao ensino médio) saiu de fininho e foi até a farmácia.
- Bom dia, meu Zenhorr, eu guerra comprrarr um tinta para pintar minha cabelo.
- o atendente trouxe a tinta e Magrit ficou tão ansiosa que filou o resto das aulas e foi para casa correndo aplicar a tintura no cabelo.
Leu as instruções da embalagem, aplicou o produto esperou o tempo necessario, lavou o cabelo, secou e se olhou no espelho. Foi ai que Magrit teve um piripaque: o cabelo estava totalmente cacheado, quase rastafari, e continuava lourinho, lourinho.
- PQP, non erra isso que eu guerria. Agora os jamaicanos vão dizer que é apropriação cultural porque meu cabelo está quase rastafari.
- vai não, fia, no Malhazon pro dia nazzerr feliz tem uma perzonagem de cabela loura e rastafarri e ninguem reclamou. Só reclamaram de Anitta para aparecerr.
A menina era jovem, adolescente, mas não era burra e resolveu reclamar na farmacia. Pegou a embalagem e... 
- Garragaaaa eu comprrarr produta para engarracolarr cabela, para dar permanente, non foi tintura, Buaaaaaaaaaaaa, e já usei sem nem ver o que erra.
Ela foi a Farmácia mesmo assim reclamar. Foi ai que ficou sabendo que o atendente era imigrante da Siria, só falava e lia arabe e não falava noruegues.
O jeito foi esperar passar o efeito do produto, cortar o cabelo, e evitar usar lenço ou turbante: "se eles acharem que é apropriação cultural eu vai gueimarr em marrmorre do inferno..."
E nunca mais Magrit quis deixar de ser loura.

terça-feira, 7 de março de 2017

As Estrangeiras - Latifa, a siria



Maria de Fatima Dannemann

Capitulo 1 - Latifa, a siria

Latifa acordou pela manhã sem entender nada. "Onde esdou? Quem zerr eu?" Ai lembrou da familia: "Babai, Babãe, on de estão todos? Quem está no lojinha?"
Ela olhou em volta. Não viu a familia, não viu paredes, telhados, nada. Só escombros. Catando aqui e ali achou a sacola Louis Vuitton genérica que ela comprou no Bazar durante uma viagem a um pais vizinho, um lenço, uma muda de roupa, a carteira do pai felizmente intacta e com o dinheiro de plástico lá dentro. Pensou:
- Fico aqui nada. Eu vou é picar o camelo daqui. Vou fugir para os Estados Unidos e trabalhar na Disneylandia.
Saiu do meio dos escombros, foi andando pelas ruas da cidade até que achou uma unica casa inteira no meio da destruição: uma lojinha de esportes radicais.
- Colé btrodi? disse o vendedor, um estrageiro com ares de surfistas
- Eu quero fugir daqui da Siria e ir para os Estados Unidos trabalhar na Disneylandia.
- Tá por fora, morena. Lá tomou posse um tal de Trump que odeia nós, mulçumanos e orientais.
- Voce é mulçumano, com esse cabelo amarelo?
- ah, mina isso aqui é parafina. Mas não sou mulçumano não, sou judeu. Minha loja não foi destruida sabe-se lá por que.
- Eu sou mulçumana e quero me picar daqui
- Tenho a solução pra seu problema: uma prancha de SUP com os remos
- e o que é isso?
- Prancha de Stand Up Paddle.
- E vai dar pra eu chegar nos Estados Unidos?
- sei lá, mas voce pode chegar na Africa sem os piratas da Somalia não lhe incomodarem.
- Po, qual é? De prancha eu não chego nem no Libano.
Conversa vai, conversa vem, Latifa foi embora sem comprar droga nenhuma. Andou, andou, andou até que ela viu que apenas deu voltas e parou em sua ex-casa.
- Por Alá, como eu vou fugir assim?
Ai, ela descobriu que estava longe de tudo: da Africa, da Disneylandia, na lojinha de prancha e até de Chipre e do Libano. Mas estava perto da Turquia. Andou mais de não sei quantos dias até que chegou na Turquia onde ela conseguiu viver livre como um passarinho. Ou quase. Porque tem detalhes nessa historia. Como ela chegou lá? Com o cartão de crédito do pai, que nem estava morto coisa nenhuma, estava era de férias com o resto da familia na Europa e quando recebeu a fatura, e viu o estrago, danou-se com Latifa que até hoje está trabalhando para pagar as dividas com o papaizinho.




As Estrangeiras - Capitulo 4 - Gabrielle a francesa

Capitulo 4 ´- Gabrielle, a francesa Gabrielle era francesa mas não nasceu nem morava em Paris. Tampouco morava em, Lyon, Marseille, N...