terça-feira, 7 de março de 2017

As Estrangeiras - Latifa, a siria



Maria de Fatima Dannemann

Capitulo 1 - Latifa, a siria

Latifa acordou pela manhã sem entender nada. "Onde esdou? Quem zerr eu?" Ai lembrou da familia: "Babai, Babãe, on de estão todos? Quem está no lojinha?"
Ela olhou em volta. Não viu a familia, não viu paredes, telhados, nada. Só escombros. Catando aqui e ali achou a sacola Louis Vuitton genérica que ela comprou no Bazar durante uma viagem a um pais vizinho, um lenço, uma muda de roupa, a carteira do pai felizmente intacta e com o dinheiro de plástico lá dentro. Pensou:
- Fico aqui nada. Eu vou é picar o camelo daqui. Vou fugir para os Estados Unidos e trabalhar na Disneylandia.
Saiu do meio dos escombros, foi andando pelas ruas da cidade até que achou uma unica casa inteira no meio da destruição: uma lojinha de esportes radicais.
- Colé btrodi? disse o vendedor, um estrageiro com ares de surfistas
- Eu quero fugir daqui da Siria e ir para os Estados Unidos trabalhar na Disneylandia.
- Tá por fora, morena. Lá tomou posse um tal de Trump que odeia nós, mulçumanos e orientais.
- Voce é mulçumano, com esse cabelo amarelo?
- ah, mina isso aqui é parafina. Mas não sou mulçumano não, sou judeu. Minha loja não foi destruida sabe-se lá por que.
- Eu sou mulçumana e quero me picar daqui
- Tenho a solução pra seu problema: uma prancha de SUP com os remos
- e o que é isso?
- Prancha de Stand Up Paddle.
- E vai dar pra eu chegar nos Estados Unidos?
- sei lá, mas voce pode chegar na Africa sem os piratas da Somalia não lhe incomodarem.
- Po, qual é? De prancha eu não chego nem no Libano.
Conversa vai, conversa vem, Latifa foi embora sem comprar droga nenhuma. Andou, andou, andou até que ela viu que apenas deu voltas e parou em sua ex-casa.
- Por Alá, como eu vou fugir assim?
Ai, ela descobriu que estava longe de tudo: da Africa, da Disneylandia, na lojinha de prancha e até de Chipre e do Libano. Mas estava perto da Turquia. Andou mais de não sei quantos dias até que chegou na Turquia onde ela conseguiu viver livre como um passarinho. Ou quase. Porque tem detalhes nessa historia. Como ela chegou lá? Com o cartão de crédito do pai, que nem estava morto coisa nenhuma, estava era de férias com o resto da familia na Europa e quando recebeu a fatura, e viu o estrago, danou-se com Latifa que até hoje está trabalhando para pagar as dividas com o papaizinho.




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