terça-feira, 20 de janeiro de 2009

mulheres que falam demais capitulos 5 a 7

Capitulo 5

Toda pessoa muito certinha tem um passado (ou presente) condenável. Não dá
outra. Tinha um tio. Er, não era bem tio, mas era como se fosse. Seja lá
como for o tal tio era médico, daqueles todos certinhos, cuidava dos
pacientes mais carentes de graça, chegava em casa sempre no mesmo horário,
era carinhoso com a esposa e os filhos. Ai o véio bateu as botas. No que a
viuva tá chorando "buaaaaaaaaaa, buaaaaaaaaaaaaa" descobre que o finado
tinha outra esposa e até filhos. Quem diria.
Bom, eu conhecia outra pessoa ainda pior. Nubia - o nome é real. Secretária
e traira. Duas caras mesmo, mais falsa do que dinheiro do Banco imobiliário.
Essa se metia em tudo. Não era jornalista, mas dava palpite no trabalho
alheio. Isso porque além de secretaria era parenta - distante - do chefão da
redação.
Meu sexto sentido sabia que tinha algo errado com Nubia e achava que era por
causa das trancinhas. Ela ouvia aqui e contava ali, como queria. Como eu
abro a boca e falo na cara, basta o calo doer, várias vezes estive na corda
bamba por causa das trancinhas da Nubia. Mas quem saiu do jornal foi ela.
E ai, os podres começaram a aparecer. Ela não estava mais lá e os rapazes
(homem fala mais que mulher e é pior, porque homem quando não sabe as
fofocas, inventa)começaram a revelar o que seria "segredo". Nas paredes dos
banheiros começou a aparecer tudo o que Nubia fazia na calada da noite e
escondida do noivo. Caracaaaa: véia de 90 anos era freira perto do que eu
lia. O tempo passou e duas ou tres secretarias depois, Eliana (essa é gente
boa) faz uma faxina na gaveta e acha uma agenda.
"Fa, é sua?"
"Não... Abra ai, deve ter o nome".
Estava lá, era da jararaca da Nubia. Folheando aleatoriamente (er, nem tão
aleatoriamente, sou curiosa, mas sou repórter, gente) eis o que eu acho: uma
lista de despesas. E...
Mostrei a Eliana:
- arráaaaaaaaaaaaaaaaa, olha o que eu achei...
Estava lá: aborto. Horário marcado numa clinica fajuta e o preço. Isso
mesmo: a trancinheira, crente, que entregava todo mundo na redação "por que
é para o próprio bem", tinha matado um bebê.
Quis mostrar a todo mundo. Ligar para uns colegas contando a fofoca, mas
Eliana não deixou.
Mas, porque lembrei de tudo isso: porque Nubia era uma mulher que fala
demais. E pior que em vez de ser uma fofoqueira beleza, uma ajudante de
reporter, não, era daquelas que faz estrago. Escondia os podres revelando os
podres alheios porque dizia que "faço isso em nome de Jesus Cristo. Ele
manda apontar os erros alheios porque eu sou submissa ao chefe e depois de
Cristo é ao chefe a quem eu devo obediencia".
E ainda usava o santo nome em vão.
Mas, não adiantou nada. Perdeu o emprego. Nunca mais tive noticias mas acho
que devem ter descoberto os podres dela, porque, felizmente, as mentiras um
dia vêm a tona.
E é como eu disse: quem posa de boazinha tem um podre bem cabeludo a
esconder.

Capitulo 6

E é isso...
Não há o que dizer. Esperdicei uma imagem (o logo da novela) a toa. O que
devia ser uma novela acabou sendo um "querido diário" muito chato.
Donde se conclui:
aprenda, criar qualquer coisa no inferno astral vai dar zebra e nunca dará
certo.
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Puxa, mas eu já cheguei a seis capítulos. Quem sabe dá para contar mais
histórias aqui. Sobre as mulheres que eu conheço que falam demais. Já falei
sobre Isabel do mingau - que grita demais - sobre a Nubia - que entregava
demais.
E por falar em armações e entregações fiquei sabendo de umas coisas
impublicáveis sobre colegas meus que ainda estão no mercado de trabalho.
Impublicáveis mesmo, porque envolvem mais que entregação, envolve armação
ilimitada tipo "vamos derrubar para não ficar desempregados". Feio isso. Mas
o que tá valendo, gente. Muitos dos que estão no mercado de trabalho estão
assim: não por competencia, mas porque derrubaram alguem.
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E eu penso se não seria o caso de eu derrubar alguem?
Quem sabe derrubar o diretor da revista... e ficar no maior bem bom?...
Não, me falta estômago. Não iria ter coragem.
Entretanto, é assim que funciona o mundo: na base da derrubação, da
entregação, da armação. São esses os jornalistas que estão no mercado:
ocupando vagas que poderiam ser minhas.
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Mas eu já jurei: vou me inscrever no próximo Big Brother.
Com o dinheiro do premio, publico meu livro. O mesmo livro que as editoras
me negaram o direito de publicar a menos que elas fiquem com 80 por cento do
que vender...
Isso é Brasil. Pais do Lula e das injustiças, e eu me pergunto que é que
aconteceria se eu morasse em algum favelão tipo a Cidade de Deus...
Bom, talvez ai fizesse um filme, fosse indicada ao Oscar, e botasse a maior
banca aparecendo no Fantástico, mas...
Eu sou apenas jornalista e estou desempregada.
Capitulo 7

Andei lendo uma matéria do Mestre dos Mares (seja lá que nome for) do Peter
Weyr. Vi a foto do Russel Crowell e me lembrei que ele já foi personagem de
uma novela minha. Mais de uma. Já "trabalhou" em O Telefone, em Quando a
Brisa Assovia, ah, e deve ter feito quando nada uma ponta nas outras
histórias porque aqui é assim: homem bonito vira personagem de novela.
Herói, de preferencia. Ou bandido pero no mucho. Mulher... Depende. Oscilam
entre mocinhas e bandidas mas se for inimiga, pode crer, vira nome das
vilãs... Mas no fundo as vilãs nem são vilãs no sentido mais clássico da
palavra. Só são umas bobas mesmo. Tipo loira de piada.
Bom, todo este papo me lembra que eu deveria estar aqui escrevendo uma
história de ficção sobre um grupo de fofoqueiras reunidas num spa onde
coisas inacreditáveis acontecem: desde roubos de sandálias de borracha até
velhinhas com mais de 60 namorarem com seguranças com menos de 30...
Mas aconteceu uma coisa trágica.
Sério gente: a única capacidade que eu tinha era a de criar, de escrever.
Morreu. Já são quase 2 meses sem um poema, essa novela se arrastando. As
matérias do Luna que não saem. Outros compromissos que vou atrasando...
Mataram minha capacidade de escrever.
Ou meu texto se suicidou sozinho, sei lá.
O fato é que não sai nada...
Já tentei até uma novela séria. Olha só. Coisa pra mandar pra Globo e tudo
mais. Novela de mistério e aproveitando pra tacar o pau naquela raça ruim
que se chama médico. Ia se passar num hospital - do Sus, claro - onde os
pacientes morriam todos os dias porque os doutores davam a ele remédios
vencidos... Só que ficou ridiculo.
É gente...
As vezes me bate uma quase certeza aqui: jornalista só sabe escrever se
tiver contra-cheque no fim do mês. E eu sou uma deles...

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