AS CONFISSÕES DE MARIETA A TERAPEUTA

Capítulo 4

Querido Sigmund:

Estou sem dar noticias há tempos. Sabe por que? Por causa da Lucelia Regina,
minha paciente problemática. Caraca... A mulher, entre outras coisas, ficou
muda quando viu um ET. Bom, mas isto é o de menos. Ela é cleptomaniaca. Sabe
que roubou meu jaleco? Pois é. Fiz um casaco branco tipo de médico
lindissimo. Mandei bordar uns anjinhos pra ficar diferente, escrevi meu nome
enorme de dourado: MARIETA, A TERAPEUTA. Bom, como é só para aparecer, eu
deixo ele pendurado no cabide e fico trabalhando. A Lucelia Regina entrou,
foi atendida, e saiu de fininho enquanto eu estava no banheiro olhando pra
meu reflexo no banheiro e me dando esporro: viu, burra? porque voce não deu
pra matemática?
Ai resolvi merendar. Quando vou vestir o jaleco... Sumiu. Lucelia deu
bandeira, claro, pois escondeu debaixo da peruca (ela hoje tava de peruca
kanekalon 18 cismando que era a madrasta de Branca de Neve, pode, Freud?).
Eu falei: Luceliaaaaaaa, devolva meu jaleco...
- que jaleco? eu nem uso isso...
- olha ai, tá embaixo da peruca.
- ah, deve ter sido por engano. Ontem mesmo eu peguei monte de jalecos
velhos que eu ganho e doei ao hospital arrastado e matado, não sei se voce
conhece...
- vou vai doar suas roscas e deixa meu jaleco ai...
Bom, acabei saindo no tapa com ela, claro. E acabei tendo que me mudar de
consultório por uns dias porque os donos da clinica tomaram partido da
paciente. Mas não faz mal... Isso já era previsto. Moramos num país que
honestidade é castigo e a Lucelia tem todas as bençãos, fazer o que né?
Agora resultado: tou atendendo no confessionário da igreja. O vigário falou
que ninguem confessa mais nada mesmo que eu faça bom proveito. A outra rouba
e eu que sou punida.
Tou zangada, humpf, humpf, e humpf

Marieta